
Guilherme Costa
Na última terça-feira (2), o quadro “Ponto de Vista” recebeu Maria Antônia (conhecida carinhosamente como Totó) para um debate aprofundado sobre a saúde mental na era moderna. A conversa, mediada pelos apresentadores da Rádio Frei Galvão, girou em torno da ansiedade, do impacto da tecnologia no comportamento humano e das reações fisiológicas do corpo diante do estresse. O diálogo destacou como o uso excessivo de celulares condiciona o cérebro a respostas automáticas e impensadas, gerando um ciclo vicioso de descontrole emocional. Durante a entrevista, Neusa Cipolli enfatizou como a tecnologia alterou a capacidade de processamento mental. Segundo ela, o celular faz com que as pessoas “respondam imediatamente sem pensar absolutamente nada”, absorvendo informações prontas sem exercer o pensamento crítico. Diante do medo ou pressão, o cérebro libera cortisol e adrenalina, preparando o corpo para lutar ou fugir. Essa descarga hormonal pode paralisar o sistema digestivo (causando refluxo), gerar tremores nas pernas, taquicardia e uma hiperoxigenação que leva à sensação de formigamento e tontura. Nesse estado, o cérebro “perde a noção de pensar”, focado somente na sobrevivência imediata, impedindo a pessoa de ver soluções racionais.
Foi feita também uma distinção importante entre a Síndrome do Pânico e a ansiedade cotidiana. Enquanto o pânico é uma desregulação avançada com sensação iminente de morte, a ansiedade é descrita como esse processo ocorrendo em pequenas doses a cada segundo do dia. Neusa ressaltou que a ansiedade, em níveis controlados, é necessária para impulsionar a ação, mas torna-se prejudicial quando constante. A desconexão social também foi pautada. Os participantes lamentaram a falta de presença em reuniões de família e eventos sociais, onde as pessoas priorizam tirar fotos e postar nas redes sociais em vez de viver o momento, gerando um vazio e falta de sensação de “dever cumprido”. Por fim foi feita uma reflexão sobre a necessidade de autoconhecimento e organização da rotina. Os especialistas alertaram contra a rotulação estática — “eu sou ansioso” — sugerindo que as pessoas devem entender que estão em um processo de ansiedade e precisam “entrar na casinha” (voltar-se para si mesmas) para retomar o controle de seus pensamentos e emoções. A mensagem final reforça a importância de desconectar para conseguir, de fato, viver e pensar com clareza.