
Guilherme Costa
O futuro de Guaratinguetá foi o tema central do fórum “Guaratinguetá 2030: Conexão para o Futuro”, realizado pela BASF, uma das empresas mais importantes do ramo químico da América do Sul, situada no município. O evento, que contou com a participação de mais de sessenta representantes de instituições, empresas, gestão pública e pessoas gabaritadas, debateu a gestão social e a construção coletiva em prol da educação, empregabilidade e proteção ao meio ambiente. O debate se torna crucial visto que a cidade comemorará seus 400 anos em 2030, sendo um dos municípios mais antigos do estado e do Brasil, conferindo uma “importância fundamental”. Washington Agueda, engenheiro e referência em meio ambiente no Vale do Paraíba, presente no fórum, destacou que os três temas discutidos estão “totalmente interligados”. Agueda mencionou que, embora o Brasil tenha perdido tempo em relação à temática ambiental, ele é “referência em vários assuntos nessa temática”. Ele citou um assunto da COP 30, o programa Três Trinta Trezentos, lançado pela Associação Nacional de Arborização, que busca ter no mínimo três árvores na rua, 30% de cobertura no bairro e que a comunidade esteja a no mínimo 300 metros de uma área verde. Agueda enfatizou que a população tem consciência das questões ambientais, mas falta sensibilização, pois a informação “não é processada” e não vira “hábito”.
A solução, segundo Agueda, é trabalhar com a base, principalmente a criançada, na escola e na educação. Ele citou a iniciativa do plano de governo da administração municipal, fundamentado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e tem a área de meio ambiente com duas páginas, destacando uma “vontade” de abordar o tema. Um grande desafio apontado é o problema das queimadas, que aumentam as doenças respiratórias no inverno, e as inundações por conta do lixo jogado na rua que entope ralos e bueiros. Agueda ressaltou a importância da manutenção da drenagem da cidade. A questão da impermeabilização do solo, com mais asfalto e menos quintais de terra, também contribui, sendo sugerida a inserção de “calçada ecológica” e o conceito de “cidade esponja” em parques lineares. Outro ponto levantado é o baixo índice de esgoto tratado em Guaratinguetá. Apesar da cidade ter 400 anos em 2030, atualmente somente 30% do esgoto é tratado. A meta do governo é atingir 65% até 2028. O debate se estendeu à importância da manutenção constante dos espaços públicos, como os parques. Washington Agueda, que atua na ARPAA em Aparecida, informou que o Parque Santa Luzia está sendo reinaugurado após ter sido recuperado de um lixão. Também há previsão de revitalização do Santa Clara em 2026, e um projeto para um novo parque linear, que será uma extensão do Bosque da Amizade. Os parques, segundo ele, não são só enfeites, mas lugares vivos de lazer, cultura e esporte, essenciais para uma vida saudável. A mensagem final converge para a necessidade de envolvimento comunitário e a continuidade dos debates, não somente no setor público e empresarial, mas na sociedade em geral. Um exemplo disso é o morador “Seu Ju” do Parque São Francisco, que faz a manutenção e planta flores sozinho na beira de um ribeirão, mostrando a importância da união do morador com a Prefeitura. Ações como essa são vistas como um caminho para Guaratinguetá se tornar uma referência até 2030.
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