
Guilherme Costa
A Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG) da UNESP, com o envolvimento de estudantes e docentes, promoverá um importante mutirão para a coleta e destinação correta do lixo eletrônico na cidade. A iniciativa, que integra um projeto de extensão universitária, visa conscientizar a população sobre os danos ambientais causados pelo descarte inadequado e a importância da reciclagem e reuso desses materiais. Esta pauta foi tema do programa Café Com Entrevista desta sexta-feira (31), foram entrevistados o professor doutor Carlos Marcondes, docente do departamento de engenharia elétrica e o aluno do curso de engenharia de produção, Leonardo Augusto Vital de Azevedo Leite. Durante a entrevista foi feito uma contextualização sobre o tema, seguido de uma explicação sobre o projeto que a universidade desenvolve no município.
O Problema do Lixo Eletrônico no Brasil
O Brasil é um dos maiores produtores de lixo eletrônico do mundo. No entanto, a realidade do descarte é preocupante: de mais de 18 milhões de toneladas geradas por ano, apenas 3% recebem a destinação correta. O professor Carlos Marcondes, docente da FEG, e o estudante Leonardo Leite, coordenador do braço educacional do projeto, destacam que a população, em geral, não sabe lidar com esses resíduos.
O lixo eletrônico – que inclui qualquer material que funcione com eletricidade, como celulares, mouses, computadores, cabos, televisores, micro-ondas e geladeiras – não deve ser descartado no lixo comum. O professor Carlos Marcondes explica que o descarte incorreto é um problema sério devido à toxicidade dos componentes: “As pilhas e outros materiais ali contêm substâncias tóxicas, como o lítio e o chumbo. Com o passar do tempo, esse material se decompõe e se espalha, contaminando o meio ambiente e a saúde.” A contaminação é um risco, pois se “alguém planta alguma coisa nesse solo, vai comer algum material contaminado com chumbo, com lítio, o que acaba sendo danoso a longo prazo para nós, seres humanos”. O professor também ressalta o problema do espaço, já que o material “ocupa muito espaço” em aterros sanitários, cuja capacidade é finita. Apesar disso, esse lixo possui “um potencial muito grande de reciclagem”.
Projeto de Extensão e Ação Comunitária
O Mutirão do Lixo Eletrônico é uma ação extensionista, fundamental para integrar a universidade e a sociedade, levando as práticas e o conhecimento dos alunos para a comunidade. O projeto começou no final de outubro do ano passado com um mutirão que coletou 2,1 toneladas de resíduos eletrônicos e eletroeletrônicos em um único dia. A partir desse sucesso, os alunos transformaram a iniciativa em um projeto contínuo de extensão universitária, estruturado em quatro pilares principais:
Time Educacional: Liderado por Leonardo, o time realiza atividades lúdicas em escolas de Guaratinguetá, buscando conscientizar crianças e jovens – uma geração que já nasceu com a tecnologia – sobre o descarte correto e as consequências do consumo desenfreado e da obsolescência programada. Leonardo comenta sobre o engajamento: “As novas gerações, que já nasceram com o celular e o tablet na mão, trocam o aparelho e não consertam. O projeto precisa se tornar uma nova onda de conscientização.”
Reciclagem e Reuso: O projeto tem um pilar de reuso, focado na recuperação e conserto de computadores e notebooks antigos. “A gente pega um desses computadores, desses materiais… tira a memória, coloca em outro e dá um uso adequado,” explica Leonardo, ressaltando que, com “um certo reparo, já conseguimos consertar.”
Doações: Os equipamentos reformados são doados a instituições de caridade de Guará, como o Puríssimo Coração, escolas em Lorena, e a pessoas em situação de vulnerabilidade, combatendo a desigualdade de acesso à tecnologia. “Sabemos o poder que o conhecimento tem. Se estamos falando de gerar informação, temos que levar isso a mais pessoas,” afirma Leonardo.
Mutirão na Praça Conselheiro Rodrigues Alves
A próxima etapa do projeto será a realização de um mutirão de coleta na Praça Conselheiro Rodrigues Alves neste sábado, das 8h da manhã à 1h da tarde. O professor Carlos Marcondes explica a logística: “Amanhã, a partir das oito da manhã, teremos uma tenda montada na frente das lojas tags ali.” Ele reforça a facilidade para a população, descrevendo o esquema: “O carro terá aquele tipo drive-thru: o motorista não precisa nem descer do carro; basta abrir o porta-malas que nossos alunos irão lá e farão a retirada.” Todo o material coletado será encaminhado para reciclagem por meio de parceiros do projeto: “O que for reciclado será reciclado – plástico, metal, etc. – por um dos nossos parceiros,” conclui o professor. Além de colaborar com o meio ambiente, a população estará “colaborando aí também com a vida de alguém que precisa,” já que os materiais reaproveitados são doados. A comunidade pode acompanhar os resultados e o trabalho do projeto pelo Instagram: @Lixoeletronicofag.
Reveja a entrevista: